quinta-feira, 31 de março de 2011

Alan Woods no Brasil!

imagemCrédito: Esquerda Marxista
Caio Dezorzi

O escritor e teórico marxista britânico Alan Woods vem ao Brasil expor suas análises sobre a Revolução dos Povos Árabes e a Crise do Capitalismo Mundial em Conferências Públicas. Confira a programação!

O mundo está passando por um novo estágio da luta de classes. Todos temos acompanhado pela imprensa os desdobramentos em dezenas de países do norte da África e Oriente Médio que a partir das revoluções na Tunísia e no Egito, tem provocado revoltas populares que têm derrubado governos e enchido de esperança os corações das massas trabalhadoras em todos os cantos do mundo.

Além disso, vimos no ano passado como os trabalhadores europeus se levantaram em vários países com greves gerais e manifestações de massa nas ruas, combatendo as medidas que levam os trabalhadores a pagar pela crise. Este ano os trabalhadores europeus continuam mobilizados: os gregos já fizeram mais uma greve geral e ocorreram manifestações gigantescas em Portugal e na Inglaterra.

Como se isso não bastasse, nos próprios EUA, mais precisamente no estado de Wisconsin, na capital Madison, trabalhadores se levantam contra o governador que quer impor leis anti-sindicais. Milhares vão às ruas e ocupam a Assembléia Legislativa de Wisconsin comparando o governador do estado com o ex-ditador egípcio Mubarak.

Para discutir e compreender melhor toda esta situação, a Editora e Livraria Marxista convidou o escritor e teórico marxista britânico Alan Woods, que virá ao Brasil especificamente para dar conferências com o tema: “A Revolução dos Povos Árabes e a Crise Capitalista Mundial”.

O giro de Alan pelo Brasil contará com um encontro na fábrica ocupada Flaskô, em Sumaré-SP (região de Campinas) e uma conferência em São Paulo convocada pela CUT-SP, Sindicato dos Químicos de SP e Sindicato dos Vidreiros de SP. Já no Rio de Janeiro, a atividade será no Sindicato dos Petroleiros do RJ. Além disso, Alan deverá discursar em universidades como a USP, UFPE e UFSC.

No final do ano passado, Alan esteve em Havana onde falou sobre a crise capitalista mundial em um seminário organizado pelo Partido Comunista Cubano. Agora está em um giro pela América Latina expondo suas análises em conferências públicas. Na semana passada, na Bolívia, mais de 800 pessoas o assistiram (mais de 500 pessoas em Sucre e cerca de 300 pessoas em Santa Cruz de La Sierra). No momento em que este artigo é escrito Alan está fazendo o mesmo na Argentina.

Alan Woods tem mais de 50 anos de militância comunista na Europa, tem inúmeros livros publicados em mais de 10 idiomas, é editor do site “In Defense of Marxism” (“Em defesa do Marxismo” - www.marxist.com) que tem o maior conteúdo de análises políticas na internet sobre a crise do capital que teve início em 2007/2008 e a revolução dos povos árabes que começou este ano.

De sua obra, destacamos o seu último livro sobre a Revolução Venezuelana “Reformismo ou Revolução - Marxismo e Socialismo do Século XXI: uma resposta a Heinz Dieterich” que foi recomendado pelo presidente Hugo Chávez em rede nacional de televisão na Venezuela. Além disso, Alan Woods é autor também, em parceria com Ted Grant, do livro “Razão e Revolução: Filosofia Marxista e Ciência Moderna”. Editada no Brasil em 2007 pela Editora Luta de Classes essa obra já foi publicada em mais de 30 países e trata das mais diversas áreas da ciência moderna desde um ponto de vista do materialismo dialético, o que a tem tornado referência entre muitos acadêmicos de esquerda.

Confira a programação:

31/03 (quinta) às 18:30
UFSC em Florianópolis
Mini-Auditório do CFH
Universidade Federal de Santa Catarina

02/04 (sábado) às 16:00
IELUSC em Joinville
Auditório do SINDIPETRO-RJ
Av. Passos, 34 - Centro

04/04 (segunda) às 18:00
Rio de Janeiro
Auditório do SINDIPETRO-RJ
Av. Passos, 34 - Centro

05/04 (terça) às 19:00
UFPE em Recife
Auditório do Centro de Educação da UFPE
Universidade Federal de Pernambuco

06/04 (quarta) às 18:30
USP
Auditório da Casa de Cultura Japonesa na USP
Próximo ao prédio da História e Geografia na FFLCH
Cidade Universitária – São Paulo

07/04 (quinta) às 10:30
Fábrica Ocupada FLASKÔ
Rua Marcos Dutra Pereira, 300
Sumaré – SP (próximo a Campinas)
Km 107 da Rodovia Anhanguera

07/04 (quinta) às 18:00
São Paulo
Sindicato dos Químicos de SP
Rua Tamandaré, 348 – Liberdade
(próximo ao metrô São Joaquim)

Adquira a coletânea de artigos de Alan Woods:Tremores Revolucionários: uma análise marxista da atual onda revolucionária nos países árabes”!

Fonte: http://www.marxismo.org.br/index.php?pg=artigos_detalhar&artigo=726

PCB de Cascavel comemorou 89 anos prestigiando a cultura

Nos 89 anos do PCB, o Comitê de Cascavel ganhou uma foice de presente. A oferta foi do Grupo de Teatro Arquétipos, que também homenageou o secretário de comunicação, Alceu Sperança, com medalha de honra ao mérito pelo apoio ao setor cultural.

O Grupo Arquétipos é um dos mais ativos do Paraná. Dedicado ao teatro popular e outras atividades multimídia, o Arquétipos prepara sua participação no Festival Nacional de Teatro, a se realizar em abril, em Curitiba, exibindo a peça Sombras de um Passado.

A peça aborda o sofrimento psíquico de um marginal, Pedro, que sai do campo e vai para a cidade. Às voltas com suas lembranças e fantasmas, percorre vivências traumáticas antigas e problemas concretos do presente.


Feminismo, DSTs e o contraste urbano/rural fazem parte das temáticas da peça, construída para ser o carro-chefe de um projeto de oficina cultural multimídia.

Miguel Joaquim das Neves, ator e diretor do Grupo Arquétipos, desempenha com suavidade e humor o papel do marginal/retirante Pedro, que ao encontrar uma garota caipira que viveu na localidade de onde ele veio, representada por Solange Esequiel, hoje uma das melhores atrizes do teatro paranaense, é colocado diante de lembranças e realidades que vão do bem-humorado ao assustador.

A seguir, cenas da peça:



Solange Esequiel e Miguel Joaquim das Neves, em momento dramático


Solange recita poema de um livro de autores cascevelenses



O marginal Pedro expressa arrependimento



 
 

A atriz Solange Esequiel, em ótimo desempenho


Depois da peça, coquetel à base de laranjada e garapa. Nada de bebida alcoólica!


Alceu Sperança recebeu medalha de Honra ao Mérito e o PCB ganhou uma foice novinha. O martelo virá nos 90 anos, em 2012

sábado, 26 de março de 2011

Seminário Nacional sobre Universidade Popular

Reunião em Porto Alegre (RS) dá sequência à construção do
1° Seminário Nacional sobre Universidade Popular

25/03/2011, por CCLCP

Em torno de quarenta pessoas – entre elas representantes de mais de 20 entidades, das quais 5 executivas e federações de curso, além de organizações políticas, movimentos – estiveram presentes na segunda reunião de organização do 1° Seminário Nacional sobre Universidade Popular. Muitos ainda justificaram ausência, principalmente por questões estruturais e de agenda.

A reunião ocorreu nos dias 19 e 20 de Março, na sede da pós-graduação em Desenvolvimento rural e no Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, respectivamente. A discussão girou em torno do caderno de apresentação do Seminário (que deverá sair até meados de Abril), análise de conjuntura da universidade brasileira e perspectivas para a construção do Seminário, repasse das tarefas e articulações feitas após a reunião de Dezembro que ocorreu em Florianópolis, bem como visualização de uma primeira proposta de programação para o encontro.

O clima da reunião foi extremamente fraternal, algo infelizmente ainda um tanto incomum de se ver nos espaços atuais de articulação da esquerda. Trabalhando sempre com o consenso, as organizações presentes conseguiram afirmar as linhas gerais de concepção do Seminário, em uma visão comum da necessidade de articular dialeticamente as discussões e lutas imediatas à construção de um programa estratégico para a universidade brasileira. Entende-se que a construção da estratégia da Universidade Popular está articulada com a construção do movimento que luta por ela (o êxito desta compreensão é demonstrado pela história) e que, por sua vez, deve contribuir para a reorganização do movimento universitário como um todo.

A reunião também tirou os indicativos de local e data, provavelmente em São Paulo no início de setembro, a ser confirmado até meados de Abril. Esperamos que outras organizações, entidades, indivíduos, se somem na construção deste Seminário, seja participando dele em si, das reuniões preparatórias ou com contribuições escritas.

Viva o 1° Seminário Nacional sobre Universidade Popular!

CRIAR, CRIAR, UNIVERSIDADE POPULAR!

Fonte: Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes - www.cclcp.org

Postado por: UJC NACIONAL

quinta-feira, 24 de março de 2011

Pare a guerra contra a Líbia: Já!



A Federação Mundial das Juventudes Democráticas condena o bombardeio da Líbia. pela OTAN e os seus membros, sob a desculpa de defender os "direitos humanos" dos manifestantes que querem derrubar o governo de Kaddafi. De fato, o simples ato de reconhecimento dos rebeldes como um parceiro para o diálogo entre a União Europeia e de outras estruturas representa em si, uma provocação para a soberania da Líbia e uma interferência inaceitável sobre as questões da Líbia.


A dupla moral do imperialismo é ainda mais clara quando as tropas da Arábia Saudita entram no Bahrein para esmagar o movimento popular em curso ou no caso de supressão do movimento dos povos no Iêmen, os Estados Imperialistas preferem ficar em silêncio, apoiando a repressão brutal .

Oito anos após a invasão do Iraque e onze após o bombardeio da Iugoslávia, o imperialismo confunde mais uma vez as mentes dos povos do mundo, para justificar uma invasão a um país com a única motivação: de roubar seus recursos e de controlar sua posição geoestratégica. Se o imperialismo nunca teve anteriormente qualquer preocupação honesta com o povo líbio, o que justificaria o alto nível de relação entre o governo de Kaddafi com a França, Espanha, Itália, Portugal e os EUA até alguns meses atrás?

Mais uma vez, ressaltamos que rejeitamos a supressão dos direitos dos manifestantes na Líbia, mas ressaltamos que a única solução é um entendimento pacífico entre todas as partes dentro da Líbia, e que uma intervenção militar é totalmente inaceitável, pois acreditamos que somente o povo da Líbia é capaz de resolver seus próprios problemas.

Federação Mundial das Juventudes Democráticas

Veja o material compelto em inglês no seguinte link: http://www.wfdy.org/wp-content/uploads/2011/03/no-to-war-_-libya.pdf

quarta-feira, 23 de março de 2011

VADE RETRO, OBAMA!

                                                 
imagemCrédito: PCB. Acesse o álbum de fotos...



(Nota Política do PCB)
A vinda de Obama ao Brasil foi um gesto forte que marcou, para o Brasil e o mundo, um claro movimento de estreitamento das relações entre os governos brasileiro e norte-americano. O governo Dilma aponta para a continuidade, em nova fase, das ações de defesa dos interesses do capitalismo brasileiro no exterior.

A agenda midiática da visita sinaliza claramente um realinhamento do Brasil ao imperialismo norte-americano. Obama, por decisão do novo governo, foi o primeiro estadista estrangeiro a visitar o Brasil após a posse de Dilma. Mas não foi uma visita qualquer.

O governo brasileiro montou um palanque de honra e um potente amplificador para Obama falar ao mundo, em especial à América Latina, para ajudar os EUA a recuperarem sua influência política e reduzir o justo sentimento antiamericano que nutre a maioria dos povos. Nem na ditadura militar, um presidente estadunidense teve uma recepção tão espalhafatosa como a que Dilma lhe ofereceu.

Os meios de comunicação burgueses do mundo todo anunciam hoje em suas manchetes “o carinho do povo brasileiro com Obama” e a “amizade Brasil/Estados Unidos”. Caiu a máscara de uma falsa esquerda que proclama a política externa brasileira como “antiimperialista”.

Em verdade, o Brasil esteve três dias sob intervenção do governo ianque, que decidiu tudo, desde os acordos bilaterais a serem assinados à agenda, à segurança, à repressão a manifestações, ao itinerário, ao alojamento, às visitas e até ao cardápio de Obama. No Rio de Janeiro, a diplomacia americana e a CIA destituíram o governador e o prefeito, que queriam surfar na visita ilustre, decidindo tudo a respeito da presença de Obama na capital do Estado. Até a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que fica na Cinelândia, foi obrigada a suspender suas atividades na sexta-feira. Foi ocupada por agentes norte-americanos e militares brasileiros para os preparativos do comício de domingo, que seria na praça em frente.
No caso da América Latina, foi um gesto de solidariedade aos EUA em sua luta contra os processos de mudança, sobretudo na Venezuela, Bolívia e no Equador e uma vista grossa ao bloqueio a Cuba Socialista e à prisão dos Cinco Heróis cubanos.

A moeda de troca para abrirmos mão de nossa soberania foi um mero aceno de apoio norte-americano à pretensão obsessiva do Estado burguês brasileiro de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, um símbolo para elevar o Brasil à categoria de potência capitalista mundial. Tudo para expandir os negócios dos grandes grupos brasileiros no mercado norte-americano e mundial.

Enganam-se os que pensam que existe contradição entre a política externa do governo Lula e a de Dilma, ambas fundamentalmente a serviço do capital. Trata-se agora de uma inflexão pragmática. Após uma fase em que o Brasil expandiu e consolidou os interesses de seus capitalistas por novos “mercados” como América Latina, África, Ásia e Oriente Médio, a tarefa principal agora é dar mais atenção aos maiores mercados do mundo, para cuja disputa segmentos da burguesia brasileira se sentem mais preparados.

Vai no mesmo sentido a vergonhosa atitude de Dilma lavar as mãos para facilitar a extradição de Cesare Battisti ao governo italiano, dirigido pelo degenerado cafetão Berlusconi, entregando um militante de esquerda na bandeja do imperialismo europeu, no exato momento em que cresce na região a resistência dos trabalhadores.

O governo brasileiro, durante os três dias em que Obama presidiu o Brasil, não fez qualquer gesto ou apelo aos EUA, sequer de caráter humanitário, pelo fim do bloqueio a Cuba, o desmonte do centro de tortura em Guantánamo, a criação do Estado Palestino, o fim da intervenção militar no Iraque e no Afeganistão.

Debochando da soberania brasileira e da nossa Constituição - que define nosso país como amante da paz mundial e da autodeterminação dos povos -, Obama ordenou os ataques militares contra a Líbia a partir do território brasileiro, exatamente em Brasília, próximo à Praça dos Três Poderes, que se ajoelharam todos diante desta humilhação ao povo brasileiro. Não se deu ao trabalho de ir à Embaixada americana, para de lá ordenar a agressão militar. Fê-lo em meio a compromissos com seus vassalos, entre os quais ministros de Estado brasileiros que se deixaram passar pelo vexame de serem revistados por agentes da CIA.

O principal objetivo da vinda de Obama ao Brasil foi lançar uma ofensiva sobre as reservas petrolíferas brasileiras do pré-sal, uma das razões da reativação da IV frota naval americana nos mares da América Latina. No caso de alguns países, o imperialismo precisa invadi-los militarmente para se apoderar de seus recursos naturais. No Brasil, bastam três dias de passagem do garoto propaganda do estado terrorista norte-americano, espalhando afagos cínicos e discursos demagógicos.

Outro objetivo importante da visita tem a ver com a licitação para a compra de aviões militares, suspensa por Dilma no início do ano, justamente para recolocar no páreo os aviões norte-americanos. Além disso, os EUA garantiram outros bons negócios na agricultura, no setor de serviços, na maior abertura do mercado brasileiro e latino-americano em geral.

Obama só foi embora fisicamente. Mas deixou aqui fincada a bandeira de seu país, no coração do governo Dilma. Cada vez fica mais claro que, no caso brasileiro, o imperialismo não é apenas um inimigo externo a combater, mas um inimigo também interno, que se entrelaçou com os setores hegemônicos da burguesia brasileira. O pacto Obama/Dilma reforça o papel do Brasil como ator coadjuvante e sócio minoritário dos interesses do imperialismo norte-americano na América Latina, como tristemente já indicava a vergonhosa liderança brasileira das tropas militares de intervenção no Haiti.

O PCB, que participou ativamente das manifestações contra a presença de Obama no Brasil, denuncia o inaudito aparato repressivo no centro do Rio de Janeiro. Repudia a repressão exercida contra ativistas políticos e se solidariza de forma militante com os companheiros presos.

Desde a época da ditadura, nunca houve tamanha repressão e restrição à liberdade de expressão e ao direito de ir e vir. No domingo, o centro do Rio de Janeiro foi cercado por tropas e equipamentos militares. Uma passeata pacífica foi encurralada por centenas de militares armados, agentes à paisana, cavalaria e tropa de choque. Nunca houve tamanho aparato militar, mobilizado pelas três esferas de governo - Federal, Estadual e Municipal -, sob o comando da CIA e do Pentágono, em clara e desavergonhada submissão ao imperialismo.

A resistência do movimento popular teve uma vitória importante: a pressão exercida levou à suspensão de um comício de Obama em praça pública, na Cinelândia, local que simboliza as lutas democráticas e da esquerda brasileira. Obama fugiu do povo e falou em local fechado para convidados escolhidos a dedo, pelo consulado americano, a nata da burguesia carioca: falsos intelectuais, empresários associados, jornalistas de aluguel, artistas globais, políticos oportunistas, deslumbrados e emergentes, enfim, uma legião de puxa-sacos que se comportaram como claque de programa de auditório de mau gosto para o chefe dos seus chefes.
PCB (Partido Comunista Brasileiro)

Comitê Central – 20 de março de 2011

sábado, 19 de março de 2011

140 ANOS DA COMUNA DE PARIS: OS TRABALHADORES NO PODER!


imagemCrédito: Amigos da Comuna


Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Em 18 de março de 1871 surgia em Paris o primeiro governo operário da História, resultante da resistência popular diante da eminente invasão das tropas prussianas à França, durante a guerra franco-prussiana, evento este decisivo para o processo de unificação da Alemanha. Após a rendição de Napoleão III e do exército francês em setembro de 1870, da consequente queda de seu império e da proclamação da Terceira República da França, a Assembleia Nacional, de maioria conservadora, e o novo governo buscaram uma negociação rebaixada com a Prússia de Bismarck, o comandante da estratégia vitoriosa da unificação alemã. Os trabalhadores de Paris, entretanto, recusaram-se a depor as armas e iniciaram a revolta popular, tomando de assalto a prefeitura da cidade.

O movimento popular francês era bastante heterogêneo, constituído por operários, republicanos, milicianos da Guarda Nacional, além de uma pequena burguesia em decadência econômica, devido à grave crise motivada pelo envolvimento da França com a guerra contra a Prússia. Os anseios do povo eram voltados, principalmente, para a resolução imediata dos sofrimentos decorrentes deste evento, do desemprego em crescimento e da falência de pequenos comerciantes. Além disso, almejava-se a mudança do regime político, até então controlado pela Assembleia Nacional conservadora.

O Comitê Central da Guarda Nacional, que havia substituído o exército em algumas regiões francesas e congregava, em sua maior parte, operários e membros da pequena burguesia, expulsou da prefeitura os representantes da Assembleia Nacional e do governo oficial, os quais foram obrigados a se instalar na cidade de Versalhes. Estes ainda tentaram promover o desarmamento da Guarda Nacional, sob o pretexto de que ela pertencia ao Estado. Por sua vez, a população parisiense se opôs ao desarmamento, pois as armas haviam sido compradas com dinheiro do povo. Diante da resistência, o chefe de gabinete francês decide invadir Paris e massacrar a oposição, mas o povo resistiu e venceu a batalha, forçando o governo a fugir de volta a Versalhes.

O governo revolucionário, formado por uma federação de representantes de bairro, declara, em 28 de março, a independência da Comuna de Paris frente ao poder burguês sediado em Versalhes. Até o dia 28 de maio de 1871, os operários franceses dirigiram a cidade de Paris e tiveram a ousadia de tomar medidas políticas que, seguramente, continuam servindo de exemplo e desafio ao movimento socialista mundial. Uma delas foi a promoção das eleições dos representantes do povo parisiense, com a condição de que poderiam ser destituídos a qualquer momento. Não se tratava de um parlamento no estilo tradicional, mas um grupo de trabalho com funções legislativas e executivas. Esse tipo de organização inovadora visava substituir o modo burguês de governar, introduzindo modificações revolucionárias nas relações políticas, militares, econômicas e de justiça.

A burguesia, por sua vez, pregou que a Comuna era uma regressão na forma de organização social do homem, como se tivesse ocorrido um retorno às comunidades primitivas. Disseminou-se ainda que os proletários eram contrários à República. O que assustava os membros da classe dominante era a prática de eleições seguindo a lógica da democracia direta em todos os níveis da administração pública. Ademais, a Comuna de Paris promoveu inúmeras reformas, buscando romper com o caráter burguês do Estado: a polícia foi abolida (substituída pela guarda nacional proletária), foi instituída a previdência social, declarado o caráter laico da educação e a igualdade dos sexos. Inúmeras medidas de interesse popular foram adotadas: abolição do trabalho noturno e dos descontos em salários, desapropriação de residências vazias para moradia popular, ocupação de oficinas fechadas para instalação de cooperativas, redução da jornada de trabalho, legalização dos sindicatos, duplicação do salário dos professores, eleição para o cargo de juiz, gratuidade para serviços advocatícios, testamentos, adoções e casamentos, fim da pena de morte. A bandeira vermelha foi adotada como símbolo, e o internacionalismo foi posto em prática (não havia distinção de nacionalidade para integrar a Comuna).

Nos pouco mais de 70 dias de sua existência, a Comuna de Paris representou de fato a primeira experiência socialista da história: os revolucionários procuraram combater a propriedade privada dos meios de produção, pois identificavam nesse tipo de propriedade a base da divisão de classes e das desigualdades sociais.

Em 28 de maio de 1871, o governo francês, com o apoio de mercenários belgas, invadia a cidade luz e derrubava a última barricada popular, prendendo e executando em seguida os principais líderes do movimento popular parisiense. Apesar da forte repressão que se seguiu, a experiência da Comuna de Paris motivou diversas lutas populares em outras regiões da Europa, assim como a consciência dos limites e das possibilidades da luta direta das massas em um contexto de crise econômica e de repressão aberta de classe promovida pelos governos burgueses, no período de consolidação mundial do capitalismo.

O exemplo de resistência e coragem dos revolucionários parisienses permanece como uma bandeira política, pela qual acreditamos ser possível a construção de uma sociedade igualitária, apesar de toda ação opressiva e ideológica dos Estados contemporâneos, a serviço da hegemonia burguesa, da expansão do capital e do imperialismo. O PCB, durante as comemorações dos 140 anos da Comuna de Paris, irá realizar palestras, atos e debates em todo o país resgatando o sentido do legado histórico desse importante episódio da luta e da resistência dos trabalhadores contra a ordem burguesa conservadora, acontecimento sempre atual para os comunistas e lutadores socialistas em todo o mundo.

Março de 2011.

Partido Comunista Brasileiro (PCB)

quarta-feira, 16 de março de 2011

VEM AÍ O TERRORISTA OBAMA – MÃO NA CARTEIRA

Laerte Braga

A embaixada do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A em Brasília está se empenhando em transformar a chegada do presidente do grupo, Barack Hussein Obama, num prolongamento do carnaval brasileiro. 

Usando redes sociais na Internet desde o dia 10 de março, avisa aos nativos que ainda é possível enviar mensagem de boas vindas ao terrorista norte-americano. No melhor estilo de trocar apito por petróleo as mensagens mais entusiasmadas vão receber brindes como canecas e camisas com a imagem do tirano e até IPhones e iPads. A campanha está sendo feita pelo twitter da organização terrorista.

Como nos melhores supermercados de qualquer país do mundo a promoção é feita várias vezes por dia e é preciso estar atento e absolutamente alienado para acompanhar o twitter do conglomerado e ser brindado com os mimos que precedem a chegada da corte terrorista.
Segundo a embaixada o assassino de iraquianos, afegãos e palestinos gosta de "contato popular".

Barack Hussein Obama é um dos grandes embustes do século XXI. Finge-se de negro e governa segundo os preceitos arianos do MEIN KAMPF (ressuscitado pelo executivo norte-americano na antiga Grã Bretanha - é colônia hoje - David Cameron).

Dono do maior arsenal terrorista de todo o planeta, capaz de destruir a Terra cem vezes se preciso for, maior acionista (o conglomerado que preside) da esmagadora maioria da mídia privada – no Brasil da totalidade – quer transformar sua visita/conquista numa grande festa onde os brasileiros sejam os protagonistas da submissão absoluta ao império.

No governo Dilma Roussef tem três importantes aliados. O ministro da Defesa Nelson Jobim, o ministro de Assuntos Estratégicos Moreira Franco e o ministro das Relações Exteriores Anthony Patriot.

As redes nacionais de tevê estão sendo instruídas a não mostrar imagens de eventuais descontentamentos ou protestos com a presença do terrorista no País, razão pela qual os cenários estão escolhidos a dedo para evitar constrangimentos ao genocida.

Obama vem dizer a Dilma que está tudo errado e que o pré-sal precisa ser repassado aos norte-americanos para a garantia da paz, da democracia e do mundo cristão.

Como a presidente ainda é uma incógnita e está cercada de alguns dos piores elementos da política brasileira, aparenta ser brava, mas é dócil e fácil de ser levada (um brigadeiro, uma camiseta, algo assim) há o temor que Obama consiga levar parte do petróleo nos chamados leilões realizados pelo governo e que implicam, na prática, na cessão de riquezas nacionais aos terroristas que controlam o mundo.

Temerosos que William Bonner e William Haack, agentes norte-americanos junto à mídia brasileira, tenham crises histéricas de paixão quando ao vivo em seus jornais, especialistas estão treinando a ambos para evitar esse tipo de procedimento. A William Waack já foi prometido um jantar tete a tete com a secretária de Estado Hilary Clinton que desde as eleições presidenciais de 2010 nunca escondeu sua admiração pela lealdade do jornalista global.

Se é a luz de vela ou não, não se sabe, é possível que seja iluminado por tochas com petróleo do pré-sal.

Três a seis miligramas de bromazepan deverão ser ministradas a jornalistas globais, da FOLHA, do ESTADÃO, das outras redes de tevê, para evitar surpresas desagradáveis, do tipo "grita o nome do Obama/e depois de desmaiar..."

No caso de VEJA não vai haver necessidade, o cinismo vence a emoção e a revista já está pronta para anunciar a descoberta do Brasil corrigindo um erro histórico que vem desde 1500. OBAMA DESCOBRE O BRASIL! ESTAMOS SALVOS! Deve ser por aí, poucas variações.

O que grande parte dos brasileiros desconhecem é que as chamadas UNIDADES DE POLÍCIA PACIFICADORA foram importadas de Israel e dos EUA, parceiros mundiais no terrorismo e revestidas dessa característica, impõem a paz do terror aos moradores das favelas do Rio de Janeiro, numa experiência que acontece também no Haiti, onde militares brasileiros cuidam do trânsito, de ajudar idosas a atravessar as ruas e controlar favelas.

Dentro de um projeto mais amplo, do qual o grupo terrorista BOPE faz parte, como faz o filme TROPA DE ELITE e sua continuação (é enganar o incauto cidadão com a história de polícia honesta), o líder do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A deve visitar uma favela no Rio (quem sabe até ensaie uns passos de samba) e mostrar seu contentamento pela pacificação à base do porrete, do saque (O BOPE agride cidadãos indefesos, invade suas residências e rouba o que por lá existe de valor).

O alvo maior, no entanto, é o petróleo.

O terrorista pretende tirar Dilma Roussef para dançar uma valsa de Strauss e em seguida, num champagne preparado com antecedência, levar o pré-sal de volta na bagagem, além de negociar a venda de aviões da BOEING (empresa acionista do conglomerado terrorista) para as forças aéreas brasileiras. O comandante da FAB está radiante com a possibilidade do "negócio", Jobim então nem se fala.

E Anthony Patriota já fez até promessa de descer nu no aeroporto de New York para mostrar o respeito e a admiração pelos nossos amigos.

Como são cerca de três dias de visita o genocida Barack Obama deve também tratar de tentar dar um jeito em Hugo Chávez, presidente da Venezuela, seduzindo a brasileira a dar apoio às tentativas de golpe de estado naquele país, restabelecendo a democracia cristã e ocidental, tudo com a bênção do núncio apostólico no Brasil.

O Vaticano é uma das empresas do conglomerado desde a eleição de João Paulo II, o santo do pau oco. Com Bento XVI atinge o ápice, bandeiras com a suástica aparecem em todos os cantos do enclave/estado/empresa.

As autoridades policiais estão sendo orientadas a arrancar todas as faixas de protesto contra a visita do "benfeitor", quer dizer, feitor e a reprimir com dureza manifestações que a critério dessas autoridades possam se exceder nos protestos, tipo constatar que Obama e branco e como os atores brancos que faziam papel de negros em filmes, novelas, etc, é apenas engraxado de preto.

Se você estiver num ponto qualquer do país por onde vai passar a caravana do líder terrorista, mão na carteira. Ela leva o petróleo e a sua carteira, afinal, o país dele está passando o chapéu para poder sustentar as grandes corporações, que o digam os trabalhadores do estado de Wisconsin, em Madison.

A divulgação que a embaixada do conglomerado está distribuindo brindes a quem se dispuser a saudar a visita do líder terrorista foi feita pelo jornal ESTADO DE SÃO PAULO. Estranho? Não, aposta na submissão dos nativos, principalmente a maioria dos leitores daquele jornal que até hoje acha que D. Pedro II governa o Brasil e a escravidão é uma realidade (no que está certo quando se percebe a realidade dos trabalhadores brasileiros).

Uma das reuniões secretas que o terrorista vai manter no Brasil é com os líderes que se opõem à Comissão da Verdade. A que pretende esclarecer os horrores da ditadura militar no Brasil (foi comandada por Washington, um general norte-americano, Vernon Walthers). Os inimigos da verdade vão dizer a Obama que é preciso parar com isso do contrário torturadores, estupradores e assassinos da democracia cristão e ocidental estarão correndo risco de virem a ser punidos como acontece na Argentina e no Chile, onde a turma já está na cadeia. Jobim vai ser o mestre-salas.

--
Veja a Página do PCB – www.pcb.org.br
Partido Comunista Brasileiro – Fundado em 25 de Março de 1922

sábado, 12 de março de 2011

EQUADOR: A REVOLUÇÃO “CIDADÔ E OS COMUNISTAS

imagemCrédito: PCB


Ivan Pinheiro*

Estive recentemente em Quaiaquil, representando o PCB no XV Congresso do PCE (Partido Comunista del Equador), fundado em 1926. Debateram-se no Congresso principalmente o programa e o estatuto do Partido, sem deixar de lado as questões táticas e estratégicas, que incidem sobre os temas principais.
O momento mais emocionante da abertura foi a homenagem ao jovem Edwin Perez, ex Secretário Geral da JCE (Juventude Comunista do Equador), assassinado recentemente por um ativista de direita, em meio a uma eleição do movimento estudantil.
O PCE tem um peso razoável no movimento de massas. Dirige uma das quatro centrais sindicais (CTE - Confederação dos Trabalhadores do Equador); tem presença importante na FEI (Federação Equatoriana de Indígenas) e na Frente Unida de Mulheres e mantém a JCE (Juventude Comunista do Equador);
O PCE não tem registro eleitoral, em razão das dificuldades impostas pela legislação.
Impressionei-me com as possibilidades e perspectivas do PCE, em fase de reconstrução, como o PCB e outras organizações revolucionárias.
Chamou-me particularmente a atenção uma importante presença proletária entre os delegados, assim como de militantes sindicais e sociais, jovens, indígenas e mulheres. Como em quase todos os Partidos Comunistas da América Latina, os dois maiores contingentes, por faixa etária, são o de militantes jovens, com menos de 30 anos, e daqueles com mais de 60 anos. Isto tem a ver com as sangrentas ditaduras dos anos sessenta a oitenta na região, clandestinidades dos Partidos Comunistas, as divisões entre os comunistas e as vicissitudes por que passou a construção do socialismo na União Soviética e no Leste Europeu.
Os debates se deram num ambiente unitário e fraterno, com as divergências sendo expostas com a firmeza e o respeito próprios dos comunistas, sem grupos, tendências.
O papel da juventude na reconstrução do PCE me pareceu decisiva, inclusive na calibragem da tática e da estratégia. Os comunistas mais jovens não conviveram com alguns problemas e deformações que foram comuns à maioria dos Partidos Comunistas do chamado MCI (Movimento Comunista Internacional), sob a liderança do PCUS (Partido Comunista da União Soviética).
Apesar do saldo histórico altamente credor desses Partidos na luta pelos direitos do proletariado, contra o colonialismo, o nazi-fascismo e o imperialismo, pelo socialismo, eles conviveram com o culto à personalidade, o burocratismo, os manuais, o acento exagerado nas alianças com as chamadas burguesias nacionais e a necessidade de colocarem a luta pela paz mundial na ordem do dia, em nome da preservação da União Soviética.
Seria temerário tentar fazer aqui uma análise mais consistente da atualidade equatoriana. Em geral, o PCB conhece muito pouco do Equador, principalmente pelo fato de que nossa presença neste XV Congresso marcou a retomada das relações bilateriais entre nossos Partidos que sempre foram distantes, como o são as relações entre os dois países de uma forma geral, talvez pela falta de fronteiras e de relações sociais e culturais mais fortes.
Mas saí com a impressão de que o PCE adota uma postura correta frente à realidade de seu país, que é bastante distinta da do Brasil, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento das forças produtivas e, portanto, do capitalismo, e do caráter do governo federal.
A economia equatoriana - sustentada basicamente na exportação de petróleo, frutas, flores, pescado e grãos - tem uma grande dependência ao imperialismo, sobretudo o norte-americano, gerando importantes contradições não só com o proletariado, mas também com setores da pequena e média burguesia. No Brasil, estas contradições não têm o mesmo peso, em face de um capitalismo altamente desenvolvido e integrado ao sistema imperialista, como parte dele, ainda que de forma subalterna, conjugando disputa e subordinação.
As condições equatorianas guardam semelhança, por exemplo, com as da Bolívia e da Venezuela, países em que há espaço para revoluções nacionais democráticas com conteúdo anti-imperialista, antimonopolista e antilatifundiário.
Assim como nos parece correto os comunistas participarem, com independência política e criticamente, dos processos de mudanças na Bolívia e na Venezuela, parece correto o fazerem no Equador, mesmo que o processo nesse país ainda não apresente o mesmo grau de radicalidade. Aliás, nesses três países os comunistas participam e lutam pela radicalização do processo de mudanças, mas não ocupam cargos nos governos e nem os defendem acriticamente, levantando bem alto a bandeira do socialismo.
O longo discurso do Ministro das Relações Exteriores do Equador no Congresso do PCE foi muito importante para compreender o significado da expressão “revolução cidadã”, usada pelo governo Rafael Correa. Trata-se de um reformismo assumido. Baseia-se no que chamam de “socialismo do bem viver”, que basicamente propõe a harmonia do homem com a natureza (a Pacha Mama), com fundamento em princípios éticos e humanistas, conceitos como “comércio justo”, defesa das cooperativas, pequenas e médias empresas, agricultura familiar etc. Apresentam este processo como um socialismo novo, o socialismo do século XXI. Na Bolívia, o discurso é semelhante, se bem que Evo Morales verbaliza a luta pelo fim do capitalismo e não subestima a base de sustentação política que lhe assegura o movimento de massas.
Mas o que chama atenção no Equador é a violência da direita política contra o governo. Como na Venezuela, a mídia burguesa é o maior partido de oposição, coadjuvado pelas associações empresariais, partidos conservadores e ONGs financiadas pela USAID, sob a direção da embaixada norte-americana.
Afinal de contas, Rafael Correa, apesar de limitações, promoveu algumas mudanças. Começou com uma auditoria da dívida externa, que reconheceu apenas 30% do total até então cobrado pelos credores. Através de uma Constituinte livre e soberana, independente do parlamento, propiciou uma nova constituição (promulgada em julho de 2008), avançada em termos de direitos sociais. Determinou a retirada da grande base militar dos EUA que era localizada em Manta. Não se curvou ao estado terrorista colombiano quando este invadiu o espaço aéreo do Equador para assassinar covardemente o comandante Raul Reys (das FARC) e outros militantes, numa ação em parceria com a CIA e a Mossad.
Correa também vem estatizando gradualmente a indústria petroleira, com a criação de um novo marco regulatório, em que o Equador retoma sua soberania sobre parte de suas riquezas e usufrui de seus rendimentos. Isto levou empresas estrangeiras a se retirarem do país, inclusive a Petrobrás, que passa a falsa ideia de se tratar de uma empresa estatal brasileira, mas que tem a maioria de suas ações em mãos privadas, vendidas na Bolsa de Nova Iorque, e que se comporta como qualquer multinacional.
Neste novo marco, a atual estatal PETROEQUADOR vai se dedicar apenas à gestão da política governamental para o setor. Estão sendo criadas mais duas estatais, a PETROAMAZONAS - que vai operar os campos de petróleo, inclusive na área que resultou da expulsão da empresa norte-americana OXY – e a PETROPACÍFICO, que ficará responsável pelo refino e comercialização dos derivados do petróleo.
No mesmo sentido, o Equador mudou a forma subalterna e corrupta com que os políticos burgueses tradicionais se relacionavam com empreiteiras estrangeiras, o que levou inclusive à expulsão do país da Odebrecht, a mais famosa empreiteira brasileira na América Latina, alavancada pelo governo Lula, através de um banco de fomento estatal.
Mas a mais grave transgressão aos ditames e interesses do imperialismo foi o país ter sido um dos fundadores da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), juntamente com Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua. Para se ter uma ideia, a adesão à ALBA – que vem promovendo uma integração soberana e anti-imperialista entre os países da região – foi o principal motivo do golpe em Honduras.
Agora mesmo o governo vem sendo violentamente atacado por ter convocado um plebiscito que será realizado no próximo mês de abril, uma consulta popular com dez perguntas, entre elas sobre medidas contra a corrupção, a evasão fiscal, os monopólios da mídia e do capital financeiro e a morosidade e cumplicidade da justiça com os interesses do capital.
Uma grande polêmica que se instalou na sociedade equatoriana é se houve ou não uma tentativa de golpe e de assassinato de Rafael Correa, em 30 de setembro do ano passado. Tudo leva a crer que, mesmo que houvesse um plano pré-estabelecido, a direita se aproveitou de uma rebelião de policiais para tentar promover o golpe de estado e o assassinato. Por outro lado, a impressão é de que a mobilização de setores populares que apóiam o Presidente foi decisiva para frustrar o intento golpista.
Ao que tudo indica, Rafael Correa, carismático e midiático, soube extrair do episódio um grande ganho político, que lhe assegurou o maior índice de aprovação popular desde a posse e, principalmente, melhores condições de governabilidade.
Dos diversos informes e opiniões diferentes a que tive acesso, é certo que não foram todos os segmentos populares que deram solidariedade ao Presidente naquele momento. As razões residem nas limitações de uma revolução nacional e democrática hegemonizada por setores da pequena e média burguesia e não pelo proletariado. As mudanças não chegam às relações entre capital e trabalho o que, compreensivelmente, desilude segmentos populares em relação à “revolução cidadã”, em que os cidadãos são portadores de direitos formalizados na constituição, mas não sentem qualquer mudança em suas condições de vida.
Além do mais, o Estado não sofre mudanças significativas, funcionando como aparato repressor das classes dominantes e fundamentalmente a serviço delas.
A maior virtude de um processo como este é que torna evidente a luta de classes, contrapondo os interesses do capital aos do proletariado, dos trabalhadores e de setores das camadas médias. Isto não ocorre em processos mitigados, de conciliação de classe, como no Brasil, em que os governos e os partidos ditos de esquerda que lhes apóiam não mobilizam as massas e não enfrentam ideologicamente o capitalismo, até porque têm como objetivo principal fazer do Brasil uma potência capitalista mundial.
A maior debilidade do processo equatoriano é a falta de um instrumento político e de uma organização de massas que impulsione as mudanças no sentido de uma revolução verdadeiramente socialista, que vá na direção do poder popular e da ruptura gradual com o estado burguês.
Aqui reside o “tendão de Aquiles” do processo. O Presidente se comporta como um caudilho de esquerda, numa relação direta com as massas, subestimando a importância da organização e mobilização popular e a construção de uma frente revolucionária.
A tomada do poder político por parte da maioria do povo nunca foi nem será uma concessão generosa das classes dominantes. O sistema de exploração que funde os interesses das chamadas burguesias nacionais com os do imperialismo não “cai de podre” nem pelo passar do tempo. Os exploradores não entregam voluntariamente o poder aos explorados, nem mesmo quando setores representativos destes últimos ganham uma eleição, nos marcos da democracia burguesa. Às vezes, são obrigados, a contragosto, a entregar o governo a setores populares, mas estes só alcançarão o poder popular com lutas muito duras, acumulando forças e golpeando o estado burguês, utilizando-se de métodos e formas de luta as mais variadas (institucionais e insurgentes), adaptadas às circunstâncias, tendo principalmente em conta a correlação de forças entre as classes em luta.
Seja qual for a via da conquista do governo, o caminho ao socialismo só pode ser pavimentado na mobilização e ação das massas e sob a direção de uma vanguarda revolucionária, não através de um partido único, mas de uma frente.
O PCE está atento às limitações e aos desafios do processo. Na última nota política do Comitê Central anterior ao Congresso, o Partido defendia, para a atual etapa do processo equatoriano, “RADICALIZAR, APROFUNDAR E PINTAR DE POVO O PROCESSO”, levantando várias bandeiras, como dinamizar a reforma agrária, consolidar a política externa soberana, desmontar as instituições burguesas do aparelho estatal e fortalecer a unidade de todas as forças sociais e políticas revolucionárias.
Nas Teses ao XV Congresso do PCE, neste particular aprovadas pelo Plenário, se diz no item A ESTRATÉGIA DA REVOLUÇÃO EQUATORIANA que “a luta do povo equatoriano é contra o imperialismo, as oligarquias e os latifundiários”.
Na citação de parte das teses ao Congresso, com a qual encerro esta singela contribuição, fica claro que o PCE não se ilude com a revolução nacional libertadora, em aliança com a burguesia dita nacional. Colocam claramente que a contradição fundamental da sociedade equatoriana “se expressa em duas formas: a contradição entre nossa nação, nosso povo e o imperialismo, em particular o norte-americano, e a crescente contradição entre o capital e o trabalho, entre as forças produtivas que lutam por se desenvolver e as relações sociais de produção baseadas na exploração dos trabalhadores da cidade e do campo”.
A luta entre os beneficiários da atual ordem de coisas e as massas empobrecidas do povo equatoriano nos conduz a definir como tarefa histórica do momento atual um processo de liberação social e nacional que nos leve através de mudanças ininterruptas ao estabelecimento do regime socialista no Equador, como parte integrante da etapa histórica do trânsito do capitalismo ao socialismo.”

*Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro) – março de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

CONTRA O TARIFAÇO

Nesta sexta-feira (11), estudantes da PUC de Curitiba realizaram uma manifestação contra o aumento da passagem de ônibus - de R$ 2,20 para R$ 2,50 - em frente ao principal portão da universidade.


quarta-feira, 9 de março de 2011

IMPERIALISMO E SUAS GARRAS

Aumenta o perigo de intervenção imperialista na Líbia

por Sara Flounders

A pior coisa que poderia acontecer ao povo da Líbia seria uma intervenção dos EUA.

A pior coisa que poderia acontecer ao levantamento revolucionário que sacode o mundo árabe seria uma intervenção dos EUA na Líbia.

A Casa Branca está a reunir-se com os seus aliados dos países imperialistas europeus da NATO para discutir a imposição de uma zona de interdição de voo (no-fly zone) sobre a Líbia, a interferência electrónica de todas as comunicações do presidente Moammar Kadafi dentro da Líbia e o estabelecimento de corredores militares dentro da Líbia a partir do Egipto e da Tunísia, supostamente para "assistir refugiados". (New York Times, 27 Fev.)

Isto significa posicionar tropas dos EUA/NATO no Egipto e na Tunísia junto aos dois mais ricos campos petrolíferos da NATO, tanto a Leste como a Oeste. Significa o Pentágono coordenar manobras com militares egípcios e tunisinos. O que é que poderia ser mais perigoso para as revoluções egípcia e tunisina?

A Itália, outrora a colonizadora da Líbia, suspendeu um tratado de 2008 com a Líbia que incluía uma cláusula de não agressão, movimento que poderia permitir que fizesse parte de futuras operações de "manutenção da paz" ali e permitir a utilização das suas bases militares em qualquer intervenção possível. Várias bases dos EUA e da NATO na Itália, incluindo a base da Sexta Frota dos EUA em Nápoles, poderiam ser áreas de preparação para acções contra a Libia.

O presidente Barack Obama anunciou que "o conjunto completo de opções" está a ser considerado. Esta é a linguagem de Washington para operações militares.

A secretária de Estado Hillary Clinton encontrou-se em Genebra a 28 de Fevereiro com ministros de Negócios Estrangeiros no Conselho da ONU de Direitos Humanos para discutir possíveis acções multilaterais.

Enquanto isso, a somar-se aos tambores de guerra pela intervenção militar, está a divulgação de uma carta pública do Foreign Policy Initiative, um think tank de extrema direita considerado como o sucessor do Project for the New American Century, a apelar para que os EUA e NATO preparem "imediatamente" acção militar para ajudar a deitar abaixo o regime Kadafi.

Dentre os signatários do apelo público incluem-se William Kristol, Richard Perle, Paul Wolfowitz, Elliott Abrams, Douglas Feith e mais de uma dúzia de antigos altos responsáveis da administração Bush, mais vários democratas liberais eminentes tais como Neil Hicks do Human Rights First e John Shattuck, chefe dos "direitos humanos" de Bill Clinton.

A carta apela a sanções económicas e acções militares: posicionamento de aviões de guerra e de uma frota naval da NATO para impor zonas de interdição de voo e para ter capacidade de neutralizar vasos navais líbios.

Os senadores John McCain e Joseph Lieberman, quando em Tel Aviv a 25 de Fevereiro, apelaram a Washington para o fornecimento de armas aos rebeldes líbios e ao estabelecimento de uma zona de interdição de voo sobre o país.

Não se pode ignorar os apelos a contingentes da ONU de trabalhadores médicos e humanitários, monitores de direitos humanos e investigadores do Tribunal Penal Internacional a serem enviados à Líbia com uma "escolta armada".

Proporcionar ajuda humanitária não tem de incluir militares. A Turquia evacuou 7000 dos seus cidadãos em ferries e voos charter. Uns 29 mil trabalhadores chineses deixaram o país via ferries, voos charter e transportes terrestres.

Contudo, o modo pelo qual as potências europeias estão a evacuar os seus cidadãos da Líbia durante esta crise envolve uma ameaça militar e faz parte da manobra imperialista para obter posições futuras na Líbia.

A Alemanha enviou três navios de guerra, com 600 soldados, e dois aviões militares para retirar 200 empregados alemães da empresa de exploração de petróleo Wintershall de um campo no deserto a 600 milhas [965 km] a Sudeste de Trípoli. Os britânicos enviaram o navio de guerra HMS Cumberland para evacuar 200 cidadãos seus e anunciaran que o destróier York estava a caminho a partir de Gibraltar.

Os EUA anunciaram a 28 de Fevereiro que estavam a enviar o enorme porta-aviões USS Enterprise e o navio anfíbio de assalto USS Kearsarge do Mar Vermelho para as águas ao largo da Líbia, onde juntar-se-ão ao USS Mount Whitney e outros navios de guerra da Sexta Frota. Oficiais estado-unidenses chamam a isto um "pré-posicionamento de activos militares".

ONU VOTA SANÇÕES

O Conselho de Segurança da ONU – sob a pressão dos EUA – em 26 de Fevereiro votou pela imposição de sanções à Líbia. Segundo estudos de agências da própria ONU, mais de um milhão de crianças iraquianas morreram em consequência de sanções impostas pelos EUA/ONU àquele país, que aplanaram o caminho para uma invasão real dos EUA. Sanções são crimes e confirmam que esta intervenção não se deve a preocupações humanitárias.

A absoluta hipocrisia da resolução sobre a Líbia exprimindo preocupação pelos "direitos humanos" é difícil de superar. Apenas quatro dias antes da votação, os EUA utilizaram o seu direito de veto para impedir uma resolução redigida em linguagem moderada que criticava colonatos israelenses em terra palestina na Cisjordânia.

O governo dos EUA impediu o Conselho de Segurança de adoptar qualquer acção durante o massacre israelense de Gaza em 2008, o qual resultou nas mortes de mais de 1500 palestinos. Estes corpos internacionais, bem como o Tribunal Penal Internacional, têm estado silenciosos sobre massacres israelenses, sobre ataques de aviões sem pilotos dos EUA a civis indefesos no Paquistão e sobre as criminosas invasões e ocupações do Iraque e do Afeganistão.

O facto de a China ter anuído à votação das sanções é um exemplo infeliz de como o governo de Pequim permite que o seu interesse no comércio e nos embarques continuados de petróleo prevaleçam sobre a sua passada oposição a sanções que prejudicam claramente populações civis.

QUEM DIRIGE A OPOSIÇÃO?

É importante olhar o movimento de oposição, especialmente aqueles que estão a ser amplamente citados em todos os media internacionais. Devemos assumir que pessoas que sofreram injustiças reais dele participam. Mas quem realmente dirige o movimento?

Um artigo de primeira página no New York Times de 25 de Fevereiro descrevia quão diferente é a Líbia em relação às outras lutas que estalam por todo o mundo árabe. "Ao contrário das rebeliões juvenis possibilitadas pelo Facebook, aqui a insurreição foi conduzida por pessoas que são mais maduras e que têm estado a opor-se activamente ao regime durante algum tempo". O artigo descreve como foram contrabandeadas armas através da fronteira com o Egipto ao longo de semanas, permitindo à rebelião "escalar rápida e violentamente em pouco mais de uma semana".

O grupo de oposição mais amplamente citado é a Frente Nacional para a Salvação da Líbia. A FNSL, fundada em 1981, é conhecida por ser uma organização financiada pela CIA, com escritórios em Washington, DC. Ela tem mantido no Egipto, junto à fronteira, uma força militar chamada Exército Nacional Líbio. Se se procurar no Google "National Front for the Salvation of Libya" e "CIA" rapidamente descobrem-se centenas de referências [NR: 16.900 resultados]

Também é muito citada a National Conference for the Libyan Opposition. Isto é uma coligação constituída pela FNSL que também inclui a Libyan Constitutional Union, dirigida por Muhammad as-Senussi, um aspirante ao trono líbio. O sítio web da LCU apela a que o povo líbio reitere um juramento de lealdade ao rei Idris El-Senusi como seu líder histórico. A bandeira utilizada pela coligação é a do antigo reino da Líbia.

É claro que estas forças financiadas pela CIA e antigos monárquicos são politicamente e socialmente diferentes da juventude e trabalhadores privados de direitos que marcharam aos milhões contra ditadores apoiados pelos EUA no Egipto e na Tunísia e estão hoje a manifestar-se no Bahrain, Iémen e Oman.

Segundo o artigo do Times, a ala militar da FNSL, utilizando armas contrabandeadas, rapidamente tomou postos policiais e militares na cidade portuária de Benghazi e áreas vizinhas que estão a norte dos mais ricos campos de petróleo da Líbia e onde se localiza a maior parte dos oleodutos, gasodutos, refinarias e terminal portuário de gás natural liquefeito. O Times e outros media ocidentais afirmam que esta área, agora sob "controle da oposição", inclui 80 por cento das instalações petrolíferas da Líbia.

A oposição líbia, ao contrário de movimentos alhures no mundo árabe, desde o princípio apelou à assistência internacional. E os imperialistas responderam rapidamente.

Exemplo: Mohammed Ali Abdallah, vice secretário-geral da FNSL, emitiu um apelo desesperado: "Estamos à espera de um massacre". "Estamos a enviar um SOS à comunidade internacional para intervir". Sem esforços externos para conter Kadafi, "haverá um banho de sangue na Líbia nas próximas 48 horas".

O Wall Street Journal, a voz do big business, num editorial em 23 de Fevereiro dizia que "Os EUA e a Europa deveriam ajudar os líbios a derrubar o regime Kadafi".

INTERESSE DOS EUA – PETRÓLEO

Por que Washington e as potências europeias estão desejosos e ansiosos por actuarem na Líbia?

Quando acontece algo novo é importante rever o que sabemos do passado e perguntar sempre quais são os interesses das corporações estado-unidenses na região.

A Líbia é um país rico petróleo – um dos 10 mais ricos do mundo. A Líbia tem as maiores reservas provadas da África, pelo menos 44 mil milhões de barris. Ela tem estado a produzir 1,8 milhão de barris de petróleo por dia – um bruto leve que é considerada da melhor qualidade e precisa de menos tratamento do que a maior parte dos outros petróleos. A Líbia também tem grandes depósitos de gás natural que é fácil canalizar directamente para mercados europeus. É um país grande em área com uma pequena população de 6,4 milhões de pessoas.

É assim que as poderosas corporações petrolíferas e militares dos EUA, bancos e instituições financeiras que dominam os mercados globais encaram a Líbia.

Petróleo e gás são hoje as commodities mais valiosas e a maior fonte de lucros no mundo. Ganhar o controle de campos petrolíferos, oleodutos, gasodutos, refinarias e mercados orienta grande parte da política imperialista dos EUA.

Durante as duas décadas de sanções dos EUA sobre a Líbia, com que Washington pretendia deitar abaixo o regime, interesses corporativos europeus investiram pesadamente no desenvolvimento de pipelines e infraestruturas ali. Cerca de 85 por cento das exportações da Líbia vão para a Europa.

Transnacionais europeias – em particular a BP, Royal Dutch Shell, Total, ENI, BASF, Statoil e Repsol – dominaram o mercado do petróleo da Líbia. As corporações gigantes dos EUA foram deixadas fora destes negócios lucrativos. A China tem estado a comprar uma quantidade crescente do óleo produzido pela National Oil Corp. da Líbia e construiu um pequeno oleoduto na Líbia.

Os enormes lucros que poderiam ser feitos com o controle do petróleo e gás natural da Líbia são o que está por trás do apelo trombeteado pelos media corporativos dos EUA pela "intervenção humanitária para salvar vidas".

Manlio Dinucci, jornalista italiano que escreve para Il Manifesto, explicou em 25 de Fevereiro que "se Kadafi for derrubado, os EUA seriam capazes de fazer ruir toda a estrutura das relações económicas com a Líbia, abrindo o caminho para multinacionais com base nos EUA, até agora quase totalmente excluídas da exploração das reservas de energia na Líbia. Os Estados Unidos poderiam então controlar a torneira de fontes de energia de que a Europa depende amplamente e que também abastecem a China" .

ANTECEDENTES

A Líbia foi uma colónia italiana desde 1911 até a derrota da Itália na II Guerra Mundial. As potências imperialistas ocidentais após a guerra estabeleceram por toda a região regimes que eram chamados estados independentes mas eram encabeçados por monarcas nomeados sem o voto democrático do povo. A Líbia tornou-se um país nominalmente soberano, mas estava firmemente amarrado aos EUA e Grã-Bretanha sob um novo monarca – o rei Idris.

Em 1969, quando uma onda de lutas anti-coloniais varreu o mundo colonizado, oficiais militares de baixa patente moldados pelo revolucionário nacionalismo pan-árabe derrubaram Idris, que estava em férias na Europa. O líder do golpe era Moammar Kadafi, com 27 anos.

A Líbia mudou o seu nome de Reino da Líbia para República Árabe Líbia e posteriormente para Grande Jamahiriya Árabe Líbia do Povo Socialista.

Os jovens oficiais ordenaram o encerramento das bases dos EUA e Grã-Bretanha na Líbia, incluindo a grande Base Aérea Wheelus do Pentágono. Nacionalizaram a indústria petrolífera e muitos interesses comerciais que estavam sob o controle imperialista estado-unidense e britânico.

Estes oficiais não chegaram ao poder num levantamento revolucionário das massas. Não foi uma revolução socialista. Ainda era uma sociedade de classe. Mas a Líbia já não estava sob domínio estrangeiro.

Foram efectuadas muitas mudanças progressistas. A nova Líbia obteve muitos ganhos económicos e sociais. As condições de vida para as massas melhoraram radicalmente. A maior parte das necessidades básicas – alimentação, habitação, combustível, cuidados de saúde e educação – foram fortemente subsidiadas ou tornaram-se inteiramente gratuitas. Os subsídios foram utilizados como o melhor meio de redistribuir a riqueza nacional.

As condições para as mulheres mudaram radicalmente. Em 20 anos a Líbia alcançou a mais alta classificação no Índice de Desenvolvimento Humano da África – uma medida da ONU de expectativa de vida, realização educacional e rendimento real corrigido. Ao longo das décadas de 1970 e 1980 a Líbia tornou-se conhecida internacionalmente por adoptar fortes posições anti-imperialistas e apoiar outras lutas revolucionárias, desde o Congresso Nacional Africano na África do Sul até a Organização de Libertação da Palestina e o Exército Republicano Irlandês.

Os EUA executaram numerosas tentativas de assassínio e tentativas de golpe contra o regime Kadafi e financiaram grupos armados de oposição, tais como a FNSL. Alguns ataques foram flagrantes e abertos. Exemplo: sem aviso prévio 66 jactos dos EUA bombardearam Trípoli, a capital líbia, e a sua segunda maior cidade, Benghazi, em 15 de Abril de 1986. A casa da Kadafi foi bombardeada e a criança sua filha morta no ataque, juntamente com centenas de outros.

Ao longo das décadas de 1980 e 1990 os EUA tiveram êxito em isolar a Líbia através de severas sanções económicas. Foram feitos todos os esforços para sabotar a economia e desestabilizar o governo.

DEMONIZAÇÃO DE KADAFI

Cabe ao povo da Líbia, da África e do mundo árabe avaliar o papel contraditório de Kadafi, o presidente do Conselho do Comando Revolucionário da Líbia. O povo daqui [EUA], no centro de um império construído sobre a exploração global, não deveria aderir às caracterizações racistas, ridicularizações e demonizações de Kadafi que saturam os media corporativos.

Mesmo que Kadafi fosse tão sereno e austero quanto um monge e tão cuidadoso quanto um diplomata, como presidente de país africano rico em petróleo anteriormente subdesenvolvido ele ainda teria sido odiado, ridicularizado e demonizado pelo imperialismo dos EUA se houvesse resistido ao domínio corporativo estado-unidense. Esse foi o seu crime real pelo qual nunca foi esquecido.

É importante assinalar que termos degradantes e racistas nunca são utilizados contra peões ou ditadores confiáveis dos EUA, não importa quão corruptos ou brutais possam ser para o seu próprio povo.

AMEAÇAS DOS EUA OBRIGAM A CONCESSÕES

Foi após o crime de guerra dos EUA denominado "pavor e choque", com o maciço bombardeamento aéreo do Iraque seguido de uma invasão terrestre e ocupação, que a Líbia finalmente sucumbiu às exigências estado-unidenses. Após décadas de solidariedade militante e anti-imperialista, a Líbia mudou de curso drasticamente. Kadafi ofereceu ajuda aos EUA na sua "guerra ao terror".

As exigências de Washington foram onerosas e humilhantes. A Líbia foi forçada a aceitar a plena responsabilidade pelo derrube do avião de Lockerbie e a pagar US$2,7 mil milhões em indemnizações. Isso foi só o princípio. A fim de as sanções dos EUA serem suspensas, a Líbia teve de abrir seus mercados e "reestruturar" a sua economia. Tudo isso fez parte do pacote.

Apesar das muitas concessões de Kadafi e das subsequentes grandes recepções em sua homenagem por parte de chefes de estado europeus, o imperialismo estado-unidense estava a planear a sua humilhação completa e a sua queda. Think tanks dos EUA empenhavam-se em numerosos estudos sobre como minar e enfraquecer o apoio popular de Kadafi.

Estrategas do FMI aterraram na Líbia com programas. Os novos conselheiros económicos prescreveram as mesmas medidas que impõem a todo país em desenvolvimento. Mas a Líbia não tinha uma dívida externa; tinha uma balança comercial positiva de US$27 mil milhões por ano. A única razão porque o FMI exigiu acabar com os subsídios de necessidades básicas era minar a base social de apoio ao regime.

A "liberalização do mercado" da Líbia significou um corte de US$5 mil milhões no valor dos subsídios anuais. Durante décadas o estado estivera a subsidiar 93 por cento do valor de várias commodities básicas, nomeadamente combustível. Depois de aceitar o programa do FMI, o governo duplicou o preço da electricidade para os consumidores. Houve uma alta súbita de 30 por cento nos preços dos combustíveis. Isto desencadeou aumentos de preços em muitos outros bens e serviços.

Disseram à Líbia para privatizar 360 empresas estatais, incluindo siderurgia, cimenteiras, firmas de engineering, fábricas de alimentos, linhas de montagem de camiões e autocarros e unidades agrícolas estatais. Isto resultou em milhares de trabalhadores desempregados.

A Líbia teve de vender uma fatia de 60 por cento na companhia petrolífera estatal Tamoil Group e privatizar a sua Companhia Geral Nacional de Farinhas e Forragens.

O Carnegie Endowment Fund estava a controlar o impacto das reformas económicas. Um relatório de 2005 intitulado "Reforma económicas irritam cidadãos líbios" (“Economic Reforms Anger Libyan Citizens”), de Eman Wahby, dizia que "Outro aspecto da reforma estrutural foi o fim das restrições a importações. Foram garantidas licenças a companhias estrangeiras para exportar para a Líbia através de agentes locais. Em consequência, produtos de todo mundo inundaram o mercado líbio anteriormente isolado". Isto foi um desastre para os trabalhadores nas fábricas da Líbia, as quais não estavam preparadas para enfrentar a competição.

Mais de US$4 mil milhões entraram na Líbia, a qual se tornou o principal receptor africano de investimento estrangeiro. Como os banqueiros e os seus think tanks bem sabem, isto não beneficiou as massas líbias, empobreceu-as.

Mas não importava o que Kadafi fizesse, nunca era o suficiente para o poder corporativo dos EUA. Os banqueiros e financeiros queriam mais. Não havia confiança. Kadafi havia-se oposto aos EUA durante décadas e ainda era considerado altamente "inconfiável".

Em Maio de 2005 a revista US Banker publicou um artigo intitulado "Mercados emergente: Será a Líbia a próxima fronteira para bancos dos EUA?" ("Emerging Markets: Is Libya the Next Frontier for U.S. Banks?"). Ali se dizia que "Quando o país atravessa reforma, os lucros acenam. Mas o caos abunda". A revista entrevistou Robert Armao, presidente do Conselho Económico e Comercial EUA-Líbia com sede em Nova York: "Todos os grandes bancos ocidentais agora estão a explorar oportunidades ali", disse Armao. "A situação política com Kadafi ainda é muito suspeita". O potencial "parece maravilhoso para bancos. A Líbia é um país intacto e uma terra de oportunidade. Ela acontecerá, mas isso pode levar algum tempo".

A Líbia nunca foi um país socialista. Sempre houve ali vasta riqueza herdada e velhos privilégios. É uma sociedade de classe com milhões de trabalhadores, muitos deles imigrantes.

Reestruturar a economia a fim de maximizar lucros para banqueiros ocidentais desestabilizou relações, mesmo nos círculos dirigentes. Quem obtém negócios de privatização de indústrias chave, que famílias, que tribos? Quem é deixado de fora? Velhas rivalidades e competições vieram à superfície.

Quão cuidadosamente o governo dos EUA estava a monitorar estas mudanças impostas pode ser visto nos telegramas da Embaixada dos EUA em Trípoli divulgados recentemente pelo WikiLeaks, publicado no jornal britânico Telegraph de 31 de Janeiro. Um telegrama intitulado "inflação sobe na Líbia", enviado em 4 de Janeiro de 2009, descrevia o impacto de "um programa radical de privatização e reestruturação do governo".

"Aumentos significativos foram vistos", dizia o telegrama, "nos preços alimentares – o preço de bens anteriormente subsidiados tais como açúcar, arroz e farinha aumentou 85 por cento em dois anos desde que os subsídios foram suspensos. Materiais de construção também aumentaram significativamente: preços para cimento, madeira aglomerada e tijolos aumentaram 65 por cento no ano passado. O cimento passou de 5 dinares líbios por um saco de 50 kg para 17 dinares em um ano; o preço de varão de aço aumentou num factor de dez.

"O término [pelo governo líbio] de subsídios e controles de preços como parte de um programa mais vasto de reforma económica e privatização certamente contribuiu para pressões inflacionárias e provocou alguns resmungos.

"A combinação de alta inflação e diminuição de subsídios e controles de preços é preocupante para um público líbio habituado a uma maior protecção do governo em relação às forças do mercado".

Estes telegramas da Embaixada dos EUA confirmam que enquanto continuavam a manter e financiar grupos da oposição líbia no Egipto, Washington e Londres também estavam constantemente a medir a temperatura do descontentamento em massa provocado pelas suas políticas.

Hoje milhões de pessoas nos EUA e por todo o mundo estão profundamente inspiradas pelas acções de milhões de jovens nas ruas do Egipto, Tunísia, Bahrain, Iémen e agora Oman. O impacto é sentido mesmo na ocupação de Wisconsin.

É vital ao movimento político com consciência de classe dos EUA resistir às enormes pressões de uma campanha orquestrada para a intervenção militar na Líbia. Uma nova aventura imperialista deve ser desafiada. Solidariedade com os movimentos dos povos! Fora com as mãos dos EUA!


O original encontra-se em http://www.workers.org/2011/world/no_us_attack_on_libya_0310/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

terça-feira, 1 de março de 2011

Todo o apoio à luta do povo Líbio contra a tirania e o imperialismo


imagemCrédito: PCB


(Nota Política do PCB)
Os processos de revoltas populares em curso em diversos países do Oriente Médio têm pontos comuns e diferenças importantes entre si.
No caso da Líbia, é marcante o fato de que Moamar Khadafi, a partir da tomada do poder, em 1969, por meio de um golpe militar (que derrubou a monarquia então reinante, aliada aos governos dos principais países capitalistas), ter se aliado a países e movimentos que combatiam o imperialismo, nacionalizando o setor produtor de petróleo (a Líbia é hoje o terceiro maior produtor de petróleo da África e o detentor das maiores reservas provadas (cerca de 44 bilhões de barris). e utilizando boa parte dos respectivos recursos para modernizar e desenvolver a economia do país. As condições de vida do povo logo melhorariam, e em muito: a Líbia chegou a apresentar o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de toda a África. A sociedade se modificou, com o aparecimento de camadas médias e de trabalhadores qualificados, com bom acesso à educação e outros direitos sociais.

As retaliações do imperialismo a todos estes avanços e à postura política independente e progressista da Líbia foram constantes e numerosas, como em 1986, no ataque aéreo dos EUA a Trípoli e Bengazi, lançado de bases da OTAN na Inglaterra, quando 60 pessoas, incluindo a filha de Khadafi, foram mortas. Fortes sansões foram também impostas nesse período pelos Estados Unidos e pelos principais países capitalistas ao país, com o claro intuito de destruir sua economia e inviabilizar o regime e suas políticas claramente progressistas.

Fatores como a queda da URSS enfraqueceriam, logo a seguir, a economia e a autonomia política da Líbia e, após a invasão do Iraque pelos EUA e seus aliados, em 2003, tentando, ao que tudo indica, evitar outra agressão à Líbia, Khadafi começou a fazer concessões políticas e econômicas ao imperialismo, abrindo a economia a bancos e empresas – com destaque para o setor petrolífero e as corporações italianas e inglesas – e passou a cumprir as exigências do FMI e do Banco Mundial para promover reformas econômicas, onde os principais elementos foram a privatização de empresas estatais, o corte de gastos sociais e dos subsídios para a compra de alimentos e combustível, deixando de lado e de vez as propostas de transformações da sociedade no rumo da construção socialista.

Khadafi se acomodou no poder, fazendo alianças com a burguesia líbia, em ascensão, abrindo mão da construção de uma democracia participativa direta e se estagnando numa espécie de governo familiar – com seus filhos e parentes – e desistiu de levar adiante projetos de afirmação nacional como o da construção de artefatos nucleares. Como “prêmio”, Khadafi passou a ser aceito como uma liderança junto a governos como o de Tony Blair, Sarkozy, Silvio Berlusconi e Bush.

O resultado destas políticas foi um quadro de inflação e desemprego que, aliado à crise do capitalismo internacional em curso e ao caráter autoritário do regime, gerou a revolta e mobilizou a população, que identifica em Khadafi a origem de seus problemas. O quadro, no entanto, abre margem para tentativas de manipulação política de fontes internas e externas ao país: ao descontentamento com a natureza fechada e dura do regime, somam-se os interesses da burguesia líbia em manter-se no poder, com outra forma de governo, e dos países imperialistas que, com a difusão de forte propaganda, induzem setores populares a empunhar a bandeira da monarquia deposta e a reabilitar o antigo rei Idris, fiel seguidor dos ditames dos EUA e da Inglaterra. A CIA, por sua vez, se faz presente no treinamento e financiamento do grupo Frente Nacional para a Salvação da Líbia e mantém agentes infiltrados nas movimentações populares. 
Setores da direita norteamericana tentam promover uma campanha para uma intervenção militar direta dos EUA na Líbia. É no mínimo suspeita a cobertura da mídia sobre as manifestações e também é mais suspeito ainda a movimento dos governos dos EUA e da União Européia em aprovar novas sanções contra a Líbia. Já se fala abertamente, também, em constituir-se uma zona de exclusão aérea na parte da Líbia onde a revolta é maior.

Ao mesmo tempo em que criticamos a violência que vem sendo exercida contra os manifestantes na Líbia e em todos os países árabes e africanos, registramos a hipocrisia dos países imperialistas, que têm uma política de dupla moral: apesar de falarem em defesa dos direitos humanos, são eles os principais responsáveis pelas violações desses direitos no mundo e também os principais apoiadores e financiadores de ditaduras sanguinárias, não só entre árabes e africanos, mas em todas as regiões do planeta.

O Partido Comunista Brasileiro, coerente com sua linha política e com sua ação internacionalista, espera que as manifestações populares na Líbia e nos demais países da região resultem em governos democráticos, progressistas e revolucionários, capazes de proporcionar novas condições de vida para a população e um novo rumo de desenvolvimento, justiça e igualdade social para seus países, fora do jugo mesquinho dos interesses imperialistas.

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comissão Política Nacional

2 de março de 2011